terça-feira, 10 de julho de 2012

"Como ser feliz?"

Muitos cérebros de evangélicos em tamanho aumentado.
Recebi um contato por email de um jovem numa situação bastante incômoda. Não vou poder citar a mensagem porque estou neste momento escrevendo do avião, e sem acesso à caixa postal (precisamente, esta resposta está sendo redigida em modo offline), porém vou citar os pontos que me vêm à memória, e que por isso mesmo creio ser os mais relevantes.
  • Ele tem 33 anos, é casado e tem uma filha.
  • É crente evangélico, assim como toda sua família e seu círculo de relacionamentos.
  • Pelo modo de escrever deduzo que seja português ou de algum outro país lusófono.
  • Nutre uma paixão platônica pelo cunhado, a quem já se declarou e em cuja rola não consegue parar de pensar. Isso o levou a perder o respeito e o apreço que o rapaz e a esposa tinham por ele.
  • Aos 14 anos de idade apaixonou-se por um cara de 40 que o levou a um puteiro, onde trepou com as putas. Quando o cara mostrou o pau a ele, teve medo e hoje se culpa por ter deixado passar a oportunidade.
  • O missivista se diz infeliz, que vive brigando com todo mundo, e credita essa agressividade à falta de um homem em sua vida.
  • Ele ainda diz que não saberia viver sem sua filha e sua mulher, que ele diz amar muito.
De fato, não sou o melhor conselheiro para este tipo de dúvida, porque sou muito radical. Não admito que um homem que aos 14 anos de idade já sabe que o negócio dele é rola chegue aos 33 crente evangélico. Tenho verdadeiro pavor de crentes, com suas mentes poluídas de mentiras, preconceitos e imbecilidades pelas quais são capazes de agredir pessoas até a morte.

Desculpem a sinceridade, mas eu desprezo evangélicos. Todos.

Isso posto, vamos aos fatos, e por medida de clareza vou me dirigir ao leitor, diretamente.

Primeiro, espero de coração que você esteja em um país minimamente evoluído, e não numa das nações africanas onde os direitos humanos são claramente desrespeitados, e quem fizer sexo com um par do mesmo sexo pode pegar uma cadeia tenebrosa. Caso contrário, nada do que vou dizer a seguir fará o menor sentido.

Segundo, você já deve ter ouvido falar que "não se pode ser vir a dois senhores". Mas é claro que não estamos falando da interpretação que os crentes dão a tais palavras (eles − ou vocês − pensam muito mais em diabo do que nos verdadeiros ensinamentos do Cristo). O fato é que ser homem que gosta de rola e ser crente que vive no meio dos crentes são duas realidades mutuamente excludentes.

Terceiro, você tem responsabilidades com essa trouxa dessa mulher que casou com um viado enrustido e ainda botou uma criança no mundo. Mas principalmente você tem responsabilidades com essa criança que saiu de você, provavelmente concebida enquanto você ejaculava em sua mulher imaginando a pica do irmão dela.

Se você não consegue ser feliz sem um homem, mas tampouco consegue se livrar dos crentes com quem convive e menos ainda (o que é a única coisa que eu acho que realmente compreendo) se separar da sua filha, o único caminho que resta é o da vida dupla, já tão desgastado no século XXI, mas que foi a solução encontrada por muitos homossexuais do século passado para vivenciarem sua sexualidade sem abrirem mão do papel que era esperado que cumprissem, de engravidar uma mulher e povoar ainda mais o superpopulado planeta.

Porém, uma coisa é certa: de acordo com meu ponto de vista é impossível você viver um grande amor com um homem e se manter casado e pai e família. Isso porque um grande amor implica companheirismo, dividir responsabilidades, alegrias, tristezas, medos. E quando se têm filhos, a prioridade passa a ser a vida, a educação e o bem estar deles.

Um relacionamento de profundo amor é algo que não se constrói clandestinamente. Mesmo que dois homens (ou duas mulheres, dá na mesma) não se "casem" em juízo, um precisa viver para o outro, precisa ter o outro como prioridade máxima para juntos poderem construir um lar. E só então é que vem a hora de ter filhos.

Agora, se você for homem mesmo você manda essa palhaçada toda pra merda, manda os crentes todos se fuderem, e se separa da sua mulher. Amparado na lei você garante o convívio mínimo com sua filha, continua dando todo o suporte financeiro de que ela necessita, e o que for possível em termos emocionais, e vai buscar a sua felicidade com um homem que o satisfaça.

Vale lembrar que a indecisão é a melhor maneira de se furtar do que quer que seja: enquanto fica indeciso você não curte sua mulherzinha submissa que pariu tua cria, não curte a filha, muito menos curte as delícias de amar um homem e gozar como realmente seu corpo e sua mente pedem.

Por fim, cada decisão tomada vai ter "preços" a pagar. Avalie se está disposto a pagá-los. Pense bem se vale mais a pena viver pelo que os crentes anencéfalos pregam, ou se melhor é entregar-se sem neuroses ao prazer pelo qual sua natureza clama. Projete seus dias afastado de sua filha, e veja se a felicidade de poder, enfim, procurar o homem de sua vida compensa a dor do afastamento; ou dito diferente, veja se o convívio com sua filha num clima de inferno e infelicidade, sendo desprezado pelos seus pares, compensa a frustração de não vivenciar a alegria de ser quem você realmente é.

Atualização: recebi no email a resposta do missivista, que colo integralmente para deleite dos leitores.

Amigo muito obrigado por ter me atendido, mais não foi o que eu queria ler em seu blog. Mais mesmo assim abrigado.
Sabe de uma coisa, vc tem ração em muitos pondos, mais vou ficar no que eu sou de verdade; ser crente e sofre o que Jesus sofreu, vou continuar a sofrer, pois Jesus só teve triunfo no final.
Abraços.
Enviado do meu telefone Nokia

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